Já que isto não vai a lado nenhum...

Os dias são sempre assim. As noites transpiram os sons e imagens, que só elas conhecem realmente. Os dias são sempre assim... velhos, pretos como aquele verso num livro de algum poeta. Os livros não nos deixam entrar no seu intimo, não nos deixam chamar pelas emoções, não nos deixam tapar os olhos para não ver aquilo que sabemos que nos magoa.
Às vezes, apetece-me ouvir o som das imagens dos livros... como aquele homem de meia idade, que não lhe conheço o nome, e que grita pela mãe já morta...
Ás vezes, o texto não faz muito sentido, talvez se o tentarmos ler ao contrário...
Esta é a historia dos textos sem sentido e das imagens que não existem, nem eu quero que existam, pelo menos não aqui.
Esta é a historia que eu nunca vivi, mas não quero sequer pensar que a possa sentir...
A vida é longa demais, seria bem mais fácil se aos cinco anos estivéssemos ás portas da morte.
A vida só é triste por se prolongar no tempo, por nos dar tempo a mais para termos desilusões e tristezas estúpidas...
Imaginem se as imagens que levássemos connosco no dia da nossa morte, fossem, o gelado de baunilha, o Super-Homem, o berlinde ou a Barbie com óculos de sol... Imaginem se as palavras que nos fizeram chorar tivessem sido, única e exclusivamente , “Não chores!”, “Come a sopa filho!”, ou “A mãe para a próxima compra!”...
Imaginem se a única mulher má no mundo tivesse sido a nossa mãe, e o único homem mau, o nosso pai...
A única coisa triste na existência da raça humana, é ela não ter raízes, não ter ideias, nem sequer saber de onde vem...